Ser Mãe Sem se Anular: O Equilíbrio Possível entre Rotina, Tempo e Cuidado Consigo Mesma

A mulher moderna acumula múltiplos papéis na sociedade: é mãe, mas também profissional, cuidadora, dona de casa, educadora, companheira, mas, acima de tudo, mulher.

Equilibrar a maternidade, uma das fases mais transformadoras e desafiantes da vida com as exigências da rotina diária, é um exercício constante de amor, limites e autenticidade. Não existe perfeição, os imprevistos acontecem e isso é a vida real.

Entre cuidar de todos poderá cair na armadilha da falta de tempo e energia para cuidar de si mesma. Mas lembre-se: cuidar de si não é egoísmo, mas sim o primeiro passo para melhor cuidar dos outros.

Um exemplo contado na primeira pessoa poderá despertar em si a consciência da necessidade de reaprender a sua forma de estar. Tiffany Dufu, autora do livro “Deixe a Peteca Cair”, encontrou um caminho mais leve reconhecendo os seus limites, para poder alcançar o equilíbrio entre as esferas emocional, familiar e profissional.

Encontrar o equilíbrio entre a rotina e a maternidade é possível e essencial para o bem-estar de toda a família.

Equilibre a maternidade e a rotina com menos pressa e mais estrutura.

O maior desafio da maternidade não é a falta de tempo, mas sim a falta de estrutura. Reorganizar a rotina é imprescindível para não acumular tarefas.

Sem um sistema funcional, o dia torna-se uma sequência de urgências: refeições improvisadas, tarefas inacabadas, poucas horas dormidas e a constante sensação de sobrecarga mental.

Com planeamento e gestão do tempo, é possível reduzir o stress e criar espaço para o auto-cuidado, essencial ao bem-estar emocional e familiar.

Dicas práticas: planeie a semana com antecedência. Não se esqueça de incluir compromissos, pausas e momentos pessoais.

Além desse planeamento sugerimos o uso de uma app de agenda compartilhada com o(a) parceiro(a) ou outros cuidadores para facilitar a logística familiar.

Abandone o mito do “dar conta de tudo”

Muitas de nós crescemos a ouvir, de forma subtil ou directa, que devemos ser boas donas de casa, excelentes mães e mulheres sempre disponíveis. Mas, entre tantas exigências, algo ficou negligenciado: nós mesmas.

Durante muito tempo, acreditámos que equilíbrio significava conseguir fazer tudo e bem.

A verdade é simples e dura: não existem super-mulheres nem super-mães.
Por mais que nos esforcemos para dar conta de tudo, isso apenas gera sobrecarga, níveis elevados de stress e, com o tempo, problemas sérios de saúde física e mental.

A maternidade funciona melhor quando existem limites definidos e apoio.
É necessário confiar que as outras pessoas também conseguem cuidar bem das crianças, executarem as tarefas domésticas e assumirem responsabilidade em assuntos de cariz burocrático.
Saiba que delegar não é desistir, é preservar energia e bem-estar.

Seja com familiares, amigos, creches ou escolas, partilhar responsabilidades é essencial para manter o equilíbrio emocional e profissional.
Não encare pedir ajuda como fraqueza. É necessário para o bem de todos.

“…precisamos pedir ajuda e dar a conhecer nossas necessidades.”

Crie uma Rotina Realista

Crie planos flexíveis, que respeitam o ritmo da casa, os horários das crianças e as suas necessidades, mas precisa de ter a capacidade de ser flexível. Os planos devem incluir todos os que vivem consigo. Abandone a tendência para o perfeccionismo e aceite que existirão dias em que o que planeou não irá acontecer.

Uma lista semanal ajuda a manter tudo claro: refeições, escola, trabalho, família, tarefas domésticas, auto-cuidado e descanso.

Dicas práticas:

  • Escolha três prioridades por dia
  • Defina horários de referência, não de rigidez.
  • Agrupe tarefas por blocos de tempo (ex.: manhã, pós-escolar).
  • Reserve pausas curtas para si (até 10 minutos contam)

Uma casa funcional dá descanso à mente

Ter uma casa organizada, funcional, adaptada à rotina familiar é uma fundamental para reduzir os níveis de stress, mesmo nos dias mais caóticos.

Saber que tem uma casa a funcionar para a família alivia a carga mental, e proporciona mais tempo livre para conviver.

Mas não caia no erro do “Síndrome de controlo do lar”, conforme diz Tiffany Dufu. A mesma afirma que“No que diz respeito ao lar, muitas mulheres sentem uma necessidade compulsiva de controlar, de garantir que tudo seja feito de um jeito específico – o nosso.” Além de que “A maioria dos homens só não tem experiência para saber o que fazer porque as mulheres fazem demais.”

Por isso envolva o seu(sua) cônjuge nas pequenas mudanças na forma como organiza o espaço. Elas irão transformar o seu dia-a-dia e trazer uma sensação imediata de clareza e equilíbrio.

Dicas práticas:

  • Crie zonas de apoio à rotina: cestos ou caixas por categoria (lancheiras, material escolar, roupa dia seguinte)
  • Garanta que os itens de uso diário estão acessíveis
  • Mantenha um calendário visível com todos os compromissos familiares

Parceria Familiar: o Verdadeiro Segredo do Equilíbrio

Equilibrar a rotina com a maternidade é uma construção em equipa. Quando todos participam, todos crescem. A parceria familiar é o pilar da consciência familiar da cooperação.

A sobrecarga mental surge quando toda a gestão da casa recai sobre uma só pessoa. Daí a importância da divisão de responsabilidades ser um acto de amor, respeito e consciência familiar. Envolver o parceiro, os filhos e até a rede de apoio é essencial para manter a harmonia e reduzir o stress.

Dicas práticas:

  • Converse abertamente com o(a) cônjuge: partilhe como se sente e divida as responsabilidades da casa, dos filhos e das finanças.
  • Crie uma rede de apoio fiável: amigos, familiares ou profissionais podem ajudar nos imprevistos. A interajuda é sobrevivência.
  • Promova a colaboração das crianças: pôr a mesa, arrumar brinquedos ou preparar a mochila desenvolve autonomia e senso de equipa.
  • Estabeleça rotatividade de tarefas: quem leva ou vai buscar as crianças, quem prepara as refeições, quem organiza a semana.

Empregada, engomadoria, avós, amigos ou vizinhos: todos podem fazer parte de uma estrutura de suporte realista. Há que, como Tiffany Dufu diz no seu livro, “cultivar uma comunidade”.

“Se realmente quisermos que os homens contribuam mais em casa precisamos deixar de vê-los como incapazes, inúteis ou egoístas e passar a vê-los como agentes de mudança em nossas vidas, inteligentes, capazes e generosos.”

Deixe o trabalho no trabalho

Por vezes, existe uma certa dificuldade em encontrar limites entre os dois mundos: mãe e profissional.

É comum estar no emprego a “apagar fogos” familiares e em seguida usar o tempo em casa para responder a e-mails, fazer telefonemas e concluir outros trabalhos no escritório.

O tempo em casa deverá ser aproveitado para momentos em família. Basta pensar que nem sempre terá muito tempo livre, por responsabilidades profissionais, daí a importância de apostar em tempo de qualidade e não quantidade. Esse terá um impacto muito positivo no vínculo com os filhos e cônjuge.

Dicas práticas:

  • Aprenda a dizer “não”. É essencial para manter o equilíbrio.
  • Respeite os seus próprios limites e defina horários claros de trabalho.

Ser mãe sem se anular é compreender que o verdadeiro equilíbrio nasce da autenticidade, do apoio mútuo e da capacidade de ajustar o ritmo conforme a vida acontece.

" há três obstáculos para a felicidade que as mulheres mencionam com maior frequência: o primeiro é o sentimento constante de culpa; o segundo é a tendência de desrespeitar os nossos limites; e o terceiro é a falta de hábitos de felicidade – práticas regulares que proporcionam prazer e reabastecem a criatividade.”

Ao abrir espaço para pedir ajuda, criar estruturas simples e aceitar que não é preciso fazer tudo sozinha, estará a cuidar de si e, por consequência, a cuidar de todos.

E quando a família, a rotina e o auto-cuidado caminham em parceria, o dia-a-dia torna-se mais humano, equilibrado e possível.

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