Uma pessoa que vai trabalhar temporariamente para outra cidade, a vários quilómetros da sua família e da sua casa, precisa de um espaço funcional. Mas precisa também que este espaço seja confortável, um local onde se possa sentir em casa.
Foi o que fizemos no quarto desta jovem mulher. Por ser numa casa partilhada este é um quarto multifunções: é simultaneamente zona de descanso, espaço de lazer e de trabalho. Assim, definir zonas para cada actividade foi o primeiro passo.
O maior desafio foi adaptar os objectos ao espaço e móveis disponíveis. Não sendo uma habitação permanente, não faria sentido fazer alterações aos móveis existentes, ou fazer despesas em produtos organizadores que poderiam perder utilidade quando a cliente voltasse para a sua casa. Especificamente, a altura das gavetas da cómoda e a inexistência de um roupeiro testaram a nossa criatividade. No entanto, foi um desafio superado.
Roupa
Esvaziámos gavetas, sacos, caixas, malas e o charriot. Tudo o que tinha roupa ficou vazio e toda a roupa ficou visível. A análise e a decisão do que manter e destralhar foi feita com a cliente. Ao longo deste processo as roupas foram sendo categorizadas, calças, camisolas, vestidos, tops, roupa interior…
Em seguida, pendurámos no charriot as roupas que não poderiam ser dobradas, neste caso, casacos, vestidos e camisas. Para maior harmonia visual e facilitar a manutenção das categorias, aproveitámos a existência de cabides de cores variadas para as definir.
A base do charriot foi aproveitada para colocar os sapatos: virámos um para a frente e outro para trás para optimizar o espaço.
Uma vez que as gavetas tinham pouca altura fizemos dobras de roupa simples. O que permite colocar as roupas em escada, rentabilizando o espaço e tornando todas as peças visíveis ao abrir a gaveta.
Roupa de casa
Tratando-se de um espaço multifunções, a roupa da cama e os atoalhados teriam de ser arrumados no quarto. Assim, uma gaveta da cómoda ficou destinada a toalhas e a roupa de cama foi colocada dentro de um cesto, numa estante.
Brincos e anéis
A cliente tinha muitos acessórios pequenos, mas nem sempre sabia onde estavam, ou, no caso dos brincos, onde estavam os dois pares. Para resolver este problema reutilizámos uma caixa de medicamentos antiga com várias divisórias, colocando brincos e anéis visíveis e emparelhados.
Estantes
Entre a cómoda e a secretária existiam duas estantes, ambas com prateleiras altas e profundas. Estes móveis foram usados para múltiplos propósitos.
Na prateleira de cima da estante mais baixa foi colocado o cesto com a roupa da cama, já a prateleira de baixo foi aproveitada para armazenar sacos de compras, aproveitando uma caixa de cartão. Os sacos foram dobrados verticalmente para que a cliente consiga localizar rapidamente o saco que precisa. No topo desta estante foi colocado um cesto para servir de despeja bolsos, onde a cliente pode colocar as chaves, carteira e outros pertences à entrada e saída do quarto.
A estante mais alta foi utilizada para armazenar produtos de higiene e beleza, colocados dentro de um cesto e numa caixa que a cliente já tinha. A segunda prateleira foi destinada à arrumação das malas e bolsas – colocámos uma mala grande à frente para reduzir o ruído visual e criar uma estética apelativa.
Por fim, a cliente tinha-nos confessado ser uma pessoa gulosa que gostava de ter alguns doces no quarto. Assumimos este prazer e aproveitámos uma caixa de cartão para que ela os possa tirar como se de uma gaveta se tratasse.
Secretária
A zona de trabalho foi esvaziada, a cliente analisou os papéis que tinha – muitos foram directos para o ecoponto -, e foram definidas categorias para os vários itens. O material de escritório foi colocado na gaveta, o espaço vertical à direita utilizado para dossiers e colocar a mochila do portátil. Já as prateleiras foram utilizadas para cadernos, livros de maior dimensão e jogos.
As prateleiras acima da secretária foram destinadas a livros e artigos decorativos.
Esta intervenção permitiu que a nossa cliente se sentisse mais confortável nesta sua casa temporária, não perdesse tempo à procura de coisas, conseguisse visualizar a sua roupa e acessórios facilmente e, sobretudo, que tivesse um local onde apetece voltar no final do dia de trabalho.
A limpeza do quarto também ficou facilitada, uma vez que todos os objectos têm uma “casa” e deixaram de existir coisas espalhadas pelo chão.
Mesmo com limitações de espaço e móveis com características desafiantes foi possível organizar e optimizar este quarto sem incorrer em despesas com produtos organizadores, reutilizando o que já existia.